Responder a demanda sem que haja uma análise estratégica é estar propenso a ter picos de demanda em alguns dias enquanto em outros teríamos ociosidade. Se para atender esses picos são necessárias máquinas, pessoas, infra-estrutura, o seu custo se torna elevado em relação ao seu faturamento. Os intervalos de tempo sem ordens de produção causam o desperdício, ou como chama-se na Toyota MUDA.
Para evitar esse muda a solução é criar um “pool” de pedidos, esse banco de pedidos pode ser composto por pedidos firmes de uma semana, um dia ou algumas horas. Dessa forma a produção teria uma variação menor de ritmo e ainda seria possível fazer uma gestão antecipada da necessidade de mão de obra.
A definição do que será produzido não está relacionada apenas a capacidade de produção, o objetivo é não fazer nem mais nem menos do que se pode, mas também com a sequência de produção.
Para definir essa sequência um outro conceito fundamental é o EPE, every part every (interval), ou seja em quanto tempo aquele produto pode voltar a ser produzido.
Quanto menor for o intervalo mais flexível é o sistema produtivo. Se todos os produtos podem ser feitos todos os dias a resposta é mais rápida do que se fosse possível fazê-los uma única vez ao mês.
A grande questão é como conseguir fazer essa análise, como saber se o processo é tão flexível quanto o mercado exige?

Para calcular o EPE é necessário saber qual o lote ideal de produção, ou seja, qual é o volume ótimo para o processo. Diferentemente de técnicas convencionais de cálculo do lote, onde os parâmetros de definição não olham o processo, e sim pensam em custos: custo de estoque, custo de compras, custos de instalação, custos de mão-de-obra, etc, o método da Toyota leva em conta os tempos necessários.
Assim como todas as regras da Toyota o modelo de cálculo do EPE é simples, porém de tão simples para muitos parece incorreto e difícil de ser compreendido.
O fator chave da flexibilidade é o setup. Como se sabe eles têm como objetivo realizar o máximo número possível de trocas, justamente para conseguir fazer o maior número possível de referências diferentes em um mesmo intervalo de tempo.
A meta da flexibilidade é trabalhar com lotes unitários, mas o mais importante é trabalhar com o lote certo. Nem maior, nem menor do que o necessário para a “saúde” do processo. Para saber o tamanho do lote ideal temos o cálculo:

Se o EPE for menor que um significa que os produtos voltam a ser produzidos em menos de um dia. Se for maior que um, o valor é a quantidade de dias de intervalo.
De acordo com a quantidade de setups possíveis no mês e com a demanda mensal tem-se o cálculo do lote:
Esse lote deve ser respeitado na programação; a sequência de produção é indiferente, desde que o tamanho de lote seja o calculado.
Através dessa abordagem pode-se ter uma produção nivelada, com os menores níveis possíveis de estoques, com alta eficiência e alto nível de atendimento.
Autora: Carolina Ceragioli - Consultora Sênior do KIBR
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